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O silêncio do amor generoso

  • Foto do escritor: Marcelly Silva
    Marcelly Silva
  • 7 de set.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 21 de out.


*texto escrito por humana


O que acontece quando amar significa deixar ir?


Neste episódio do Podcast Morada do Sentir, conto como foi a revelação do amor generoso de Conrad Fisher na 3ª temporada de O verão que mudou minha vida.


Em um episódio anterior aqui da nossa Morada do Sentir, falei um pouco sobre o sentir em silêncio de Conrad. O verão que mudou minha vida é uma série de três temporadas, e na terceira temos um salto temporal que nos mostra os personagens mais maduros — antes adolescentes, agora jovens adultos.


Quero destacar o amadurecimento emocional de Conrad e como ele foi mudando a sua forma de lidar com as próprias emoções. A esta altura, Belly e Jeremiah estão em um relacionamento assumido, prestes a se casarem, e Conrad precisa lidar com essa realidade. Mais do que isso: ele precisa lidar com as escolhas que fez lá atrás e com os desdobramentos do seu sentir silenciado e da sua falta de permissão interna para amar.


capa do podcast morada do sentir

Conrad, com a passagem do tempo e com a ajuda da psicoterapia, foi se abrindo para entrar em contato com seus sentimentos, mesmo que com algumas dificuldades, o que é bastante compreensível — afinal, viver nem sempre é fácil, e ainda mais difícil é sentir algo tão grande sem poder transbordar isso abertamente.


Nesta terceira temporada da série, mais uma vez, vemos Conrad sentir em silêncio, porém, existe uma diferença muito importante: antes, era um silenciamento do seu sentir e uma tentativa quase que desesperada de afastar suas emoções.


Agora, testemunhamos o silêncio respeitoso de alguém que sabe que não foi capaz de aproveitar a oportunidade que teve e que precisa aceitar que, por mais que esteja pronto, é tarde demais. É o silêncio de quem deseja sinceramente a felicidade dessas duas pessoas que são tão importantes para ele — ainda que isso o faça sofrer.


Ao longo da história, Conrad reafirma o seu compromisso de cuidado com o irmão Jeremiah e com a Belly, ao mesmo tempo em que honra a memória de sua mãe.


De posse dos seus sentimentos, ele os guarda para si — sentindo em solidão — mas consciente do que mobiliza o seu ser e o seu sentir. Zela por isso, como quem protege algo muito valioso e que sabe que é essencial para o seu existir.


Cuidadoso, ele se mantém perto de Belly para ser o suporte de que ela precisava naquele momento. Ainda que isso fosse doloroso e, de algum modo, até confuso, não conseguiu se afastar e deixá-la desamparada.


capa do episódio da morada do sentir

Foi comovente ver esse amor sincero, profundo e generoso — um amor que cuida e que oferece lar e aconchego, sem nada pedir em troca.


Foi especialmente tocante para mim ver a vulnerabilidade de Conrad. Ainda mais bonito foi senti-lo se permitir ser vulnerável diante de Belly, reconhecendo e revelando a sua própria humanidade.


Nesse seu processo de humanização, ele viveu a melancolia e a introspecção de quem sabia que precisava deixar ir… talvez o maior gesto de amor que ele poderia oferecer.


Sua forma de amar não é perfeita. Mas, talvez por isso mesmo seja tão bonita e tão profunda: porque é real — é humana.


Acompanhamos a trajetória dele tentando lidar com a sua perda, com o sentimento de abandono e a dor do afastamento. E ele faz um caminho muito honesto, muito verdadeiro, e tão real, que é fácil nos vermos sentindo essa dor junto com ele.


Quando Conrad e Belly estão próximos, é perceptível a forte conexão entre eles — quase palpável de tão sólida. Isso tornou inevitável que, neste verão, vivessem momentos singulares de entrega e reflexões internas, compartilhadas no silêncio.


Eles vivem encontros suaves e delicados e também momentos tensos e carregados de fortes emoções. Revela-se um amor puro, profundo, intenso e verdadeiro — daqueles que continuam a fazer parte da gente, mesmo que sigamos caminhos separados…


Uma experiência de amor silencioso, contido, mas marcado por intimidade, desejo e cumplicidade — como uma confirmação de que algo continua ali, permanecendo.


Estar perto um do outro trouxe uma onda de nostalgia junto com a dor de olhar para algo que parece perdido e inalcançável. Ao mesmo tempo, trouxe o conforto das lembranças que persistem e o compartilhamento de novas vivências de intimidade e de desejo — revelados no olhar que não consegue esconder o que transborda de dentro…


O mais bonito e profundo que pude sentir — o que tocou forte em mim — foi o amor incondicional de Conrad. Um amor que, mesmo desejando que algo perdido pudesse continuar, mesmo enfrentando dificuldades para seguir em frente, por maior que fosse a saudade e a dor do amor não vivido, a sua transparência consigo mesmo e a forma como assumiu seus sentimentos foi algo inspirador.


Ao se permitir assumir para si, ele também foi capaz de assumir para Belly o que sentia.


Percebo aqui, na história desse casal, um amor incondicional não no sentido de puro sacrifício. Mas, no sentido de um amor que, mesmo reconhecendo o desejo de ser correspondido, diante da impossibilidade de isso acontecer, segue cuidando, nutrindo e sendo presença. Um amor que respeita as escolhas do outro, mesmo sem estar incluído nelas — porque sabe existir para além da reciprocidade.


Para mim, o que torna esse amor incondicional é a busca sincera por equilibrar os sentimentos ambivalentes e encontrar harmonia em meio a relações tão complexas e conectadas.


podcast

Conrad nos mostra que às vezes é preciso abrir mão de algo que não se esquece facilmente. E também nos ensina que, ainda que o “felizes” não seja para sempre, podemos reconhecer o que valeu a pena: os momentos compartilhados, amar e em troca receber amor, as vivências que nos transformam…


Amor de verdade cuida, protege…

Amor é doação, sem exigir nada em troca.

É um sentimento de graça, de completude em si mesmo, sem depender de reciprocidade.


Que o amor possa ser parte de nós… que faça morada no nosso ser e no nosso sentir.

Que continue vivo, mesmo que a pessoa amada não o receba, pelo tempo que precisar…


Amor de verdade não aprisiona. Amor de verdade liberta — e amplia a nossa conexão com a vida e com todas as possibilidades do existir.


Mesmo diante da dor de uma não correspondência, podemos reconhecer o valor do nosso sentir. Podemos levar pra vida a potência desse amor — sentindo, doando, transbordando, como uma experiência sagrada de transcendência, de abertura e de expansão do nosso mundo.


Quantas vezes o amor se revela no gesto silencioso de proteger e de cuidar?

E se o amor não dependesse de ser correspondido para existir?

E se atravessarmos a dor da perda, o que será que permanece do amor sentido?

Será que ele continua nutrindo a nossa alma?


Encerro por aqui, com o desejo de que todo amor que nascer em nós seja nutritivo e revelador de nós mesmas, ainda que não seja correspondido.


Até o próximo episódio!


Com amor, Marcelly



Este episódio do Podcast Morada do Sentir

está disponível em formato de áudio no Spotify e no Youtube




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Trilhas do Sentir — uma experiência da Morada do Sentir


Conheça também a Trilhas do Sentir: uma imersão sonora no universo da obra que me inspirou o episódio da Morada do Sentir que você acabou de acompanhar. Preparei esta seleção de músicas com afeto para ser uma companhia gentil — um convite para continuar sentindo a história. Deixe-se envolver e acolha o que toca o seu coração.


Ouça aqui mesmo ou no Spotify

*se aparecer pra você somente como prévia, no Spotify você ouve as músicas completas.



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